terça-feira, 20 de setembro de 2011

Começa Bienal de Arquitetura no Mascarenhas

Primeira edição inclui seminário, mostras e homenagens a pioneiros do modernismo no país em dez dias de evento

Por LEONARDO TOLEDO


Primeiro evento do gênero realizado no interior do país, a Bienal de Arquitetura da Zona da Mata e Vertentes promete mostrar como o espaço idealizado no papel influencia diretamente a qualidade de vida da população. Pelos próximos dez dias, o evento vai tomar conta do Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM), com uma programação que inclui uma mostra competitiva, homenagens a importantes nomes da arquitetura brasileira, palestras e um seminário que vai discutir o futuro da região."Debater a produção do espaço é debater a qualidade de vida", sintetiza o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil - Núcleo Juiz de Fora (IAB-JF), Marcos Olender.

"É um encontro de estudiosos, mas não só isso. Não importa a profissão, somos todos cidadãos", enfatiza Olender, ressaltando a arquitetura como um instrumento de elaboração do ambiente urbano e de manifestação cultural. Surgida na gestão do arquiteto Mauro Campello na IAB-JF, a ideia da bienal passou por um período de quase três anos de amadurecimento antes de sair do papel. Em sua primeira edição, o evento já traz no nome a intenção de periodicidade. "Queremos não só que o evento se repita, mas que sirva de modelo para outras regiões do país", diz Olender.

Ocupando a Galeria Arlindo Daibert, a mostra competitiva reunirá trabalhos de 40 arquitetos. Os projetos em exposição disputarão prêmio em quatro categorias: residencial; institucional; empresarial e interior, paisagismo e design. Haverá, ainda, o troféu Artur Arcuri, conferido ao melhor projeto, independente do segmento em que estiver inscrito. Os cinco premiados terão lugar garantido na Bienal de Arquitetura de São Paulo.

Na modernidade e além
A edição inaugural da bienal regional faz uma homenagem aos arquitetos mineiros Arthur Arcuri e Luzimar Cerqueira de Góes Telles, pioneiros do modernismo no país. Falecido em 2010, Arcuri foi responsável por um legado arquitetônico que inclui o Campus da UFJF e a estrutura do Marco do Centenário, que abriga mosaico de Di Cavalcanti. A exposição destaca a biografia dos arquitetos, pontuadas por fotos de diferentes fases de sua vida, além de imagens de obras e croquis de projetos. A galeria também abre espaço para o trabalho de Góes Telles, autor de diversos trabalhos que marcam o cenário modernista de Cataguases, como o conjunto da Praça Santa Rita.
Os visitantes da bienal também poderão conferir a reapresentação da mostra "Dessinis e croquis - o poeta da arquitetura em Paris", dedicada a Oscar Niemeyer. A exposição, que traz desenhos e pensamentos do célebre arquiteto brasileiro, foi apresentada pela primeira vez em Juiz de Fora em 2009, em comemoração aos dez anos da IAB-JF.

Completa o circuito expositivo uma mostra de miniaturas produzidas pelo artista plástico Ramon Brandão, em cartaz na galeria alternativa do CCBM. Entre os edifícios retratados, estão alguns demolidos, mas que ainda fazem parte do imaginário da cidade, a exemplo do Colégio Stella Central.
Na palestra inaugural, os juiz-foranos também terão a oportunidade de conhecer as ideias do mineiro Sylvio de Podestá, considerado um dos modernizadores da arquitetura brasileira na década de 1980. Podestá assina, entre outros, os projetos do Memorial Chico Xavier, em Pedro Leopoldo (MG); o Palácio Arquiepiscopal de Mariana; o Teatro de Londrina e a Sede do Tribunal Regional do Trabalho, em Belo Horizonte.

Espaço urbano em pauta
Realizado nos dias 17 e 18, o II Seminário Caminhos da Cidade retoma uma discussão iniciada há três anos, quando aconteceu sua primeira edição. Englobado pela bienal, o evento dá continuidade ao debate, tratando dos rumos da cidade diante dos desafios impostos pelo crescimento e outras questões contemporâneas da realidade urbana. Estão confirmadas as presenças de representantes do Governo federal, como o diretor do departamento de Planejamento Urbano do Ministério das Cidades, Daniel Todtmann, e o secretário de Articulação Institucional do Ministério da Cultura, João Roberto Costa do Nascimento.

Questões referentes à classe profissional também terão lugar no evento. A bienal receberá um encontro da Câmara de Arquitetura do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Minas Gerais (Crea-MG), em que será debatida a criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU).

Fonte: Tribuna de Minas

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