quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Velha Casa Nova

Pela primeira vez em Juiz de Fora, MasterCasa reúne 28 espaços decorados por profissionais da cidade

Por RENATA BRUM


Acreditar em um sonho e ter a casa totalmente reformada sem gastar nenhum centavo. Qualquer semelhança com o quadro "Lar doce lar", do Luciano Hulk, é mera coincidência e não aconteceu por acaso. Na busca de um local para realizar o Master Casa em Juiz de Fora, as organizadoras do evento, as arquitetas Cristina Chimelli e Kity Amaral, com a decoradora Mara Medina e a empresária Valéria Rezende, escolheram um belo casarão da década de 1960, na Rua Silva Jardim 430, no Santa Helena, região central de Juiz de Fora. A proprietária do imóvel, a dentista aposentada Maria Aparecida, acreditou na proposta e deixou a casa onde morou mais de 39 anos para alugar um apartamento até que as obras ficassem prontas. Ela se emocionou ao ver a residência em que morava com o marido, já falecido, e as três filhas, totalmente de cara nova.

E não com uma cara qualquer. Toda a reforma foi assinada por nomes de peso da arquitetura e do design de interiores de Juiz de Fora e trouxe para a cidade uma mostra com os mais atuais conceitos do mercado: sustentabilidade, acessibilidade, automação, conforto e qualidade, sem deixar de lado a beleza. A ambientação da casa, dividida em 28 espaços, foi baseada em um contexto que envolve uma família fictícia composta por um casal com dois filhos - um jovem e um bebê. A presença de um morador com necessidades especiais na casa tornou necessário ainda o desenho de um quarto adaptado, totalmente baseado no conceito de desenho universal, segundo os autores do projeto, o arquiteto Luiz Cláudio Cunha e o designer de interiores João Paulo Braga. Além dos quartos, a casa tem SPA, café, cozinha gourmet, adega, um jardim comestível, além de uma galeria de arte em plena área de circulação. Depois do evento, que foi aberto ao público na sexta e se estende até o dia 16 de outubro, a casa será entregue para a dona com todas as benfeitorias físicas, com exceção de móveis, lustres e luminárias.

"Trouxemos o nosso esforço para Juiz de Fora, pois acreditamos no potencial aqui presente. Há duas escolas de arquitetura e uma de design de interiores, e a cidade é muito próxima de Itaipava e do Rio de Janeiro. Há 12 anos, chegamos a desenvolver uma mostra temática de bares e restaurantes, mas agora reiniciamos o processo com o caráter residencial", justifica a organizadora Cristina Chimelli.
A empresária e designer de interiores, Valéria Rezende, aposta na permanência do evento em Juiz de Fora. "O objetivo é que este seja apenas o primeiro de muitos. O mercado imobiliário está aquecido e necessita de profissionais capacitados. E o mais importante: Juiz de Fora tem esses profissionais."

Criatividade
A qualidade e a criatividade se destacam na mostra, que reuniu mais de 400 pessoas, entre eletricistas, pedreiros, marceneiros e montadores. Tendência na Europa, o jardim comestível foi idealizado pela paisagista Cláudia Tabet e executado em parceria com a designer de interiores e também paisagista Nádia Guedes. "Temos alface roxo, salsa, repolho, couve, pés de pêssego, jabuticaba e a capuchinha, flor muito usada em saladas. O bambu entrou na ornamentação de cercas, fontes e na cobertura verde, feita de cebolinhas", explicou Nádia.

As peças de madeira de refugo, usadas na varanda de entrada da casa, integraram o projeto das designers Lucimara Vilela e Nathália Nascimento. "A intenção é dar vida a algo que já está perdido. Essas madeiras geralmente são jogadas fora, e eu as reaproveito na produção dessa linha de móveis", explica Lucimara.

A madeira revestida em preto e a presença do suede em uma das paredes conseguiu transmitir a ideia de austeridade e sofisticação proposta pelas arquitetas Aletheia Westermann e Gabriela Inhan para a adega da casa. No projeto, as garrafas flutuam em nichos pretos,tornando-se o centro das atenções.
Para toda a família

A intenção de reunir toda a família em um único ambiente determinou a escolha dos arquitetos Alex Martins e Katy Barbosa para o cômodo Family Room. A sala íntima confortável e bem planejada conta com espaços para organizar a bagunça, como nichos para CDs, DVDs, mesas de apoio e porta-revistas. Até o espaço para os idosos foi pensado, com cadeiras giratórias. O cachorro da família também ganhou o seu cantinho. "A intenção foi criar aconchego para pais, filhos, e avós, e conseguimos isso com a iluminação. A aposta na marcenaria também nos possibilitou criar móveis para organizar a bagunça e um canto para que o filho jovem possa utilizar a internet, dividindo o mesmo espaço com os pais que estiverem vendo TV, por exemplo", explicou Katy. 

O ambiente ainda refletiu-se em homenagem ao pioneiro do cinema, o juizforano João Carriço. Dezoito imagens da vida do cineasta foram emprestadas pela família e dispostas em molduras douradas nas paredes da sala, quebrando a modernidade da sala branca, cinza e prata.

Já o quarto do casal remete ao universo lúdico. Um cubo preto com uma obra de arte, de Adélia Sena, em forma de lua a refletir no espelho, empregado em todo o teto, foi a aposta do arquiteto Marcos Cordeiro e da designer Adriana Barros. O uso de vidros, a automatização, a iluminação e o efeito gráfico de um painel reproduzindo a cidade dão o toque desejado. "A ideia é de um cubo mágico, sem início nem fim. Queria que o visitante viajasse um pouco no ambiente", destacou Adriana.

A necessidade de criar também foi o que moveu a parceria entre os artistas visuais Adauto Venturi e Ricardo Cristófaro e as designers de interiores Tânia Vitorino e Joseane Brazil no projeto da circulação. O que parecia ser um ambiente difícil tornou-se algo encantador aos olhos. "Tínhamos o teto, as paredes e o chão para criar. Só, mas foi um desafio bem interessante", destacou Tânia. O uso de LED em esculturas de madeira ao longo do corredor dá movimento ao espaço, e uma escultura de retalhos de espelhos instiga o olhar.

No home office, a arquiteta Márcia Lanna apostou na tecnologia da fibra óptica. Um painel em formato de mapa mundi recebeu vários pontos de fibra óptica para marcar os locais já visitados pelo advogado, dono do escritório. Tons de preto, cinza e azul foram quebrados com a ousadia do amarelo em laca brilho. As samambaias, em alta novamente nos ambientes, reforçaram o bom gosto.

Designer de interiores há mais de 27 anos na cidade, Lucíola Gonçalves fez questão de explicar a intenção do projeto da sala de estar, onde a lareira de mármore romano sobressai aos olhos, e deu dicas para quem não quer errar na hora de decorar. "A ideia foi trazer a contemporaneidade para a sala, mesclando mobiliário em linha reta e detalhes mais clássicos. A mescla é o contemporâneo. Um espaço não pode parecer uma vitrine, precisa de vida. E a vida muitas vezes está nos adornos."

MASTER CASA
De terça a quinta, das 13h às 20h. Sexta e sábado, das 13h às 22h. Domingo, das 10 às 19h. Até 16 de outubro
Casarão na Rua Siva Jardim 430

Fonte: Tribuna de Minas

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